É uma falsa construção de nós x a esquerda que toma para si boa parte do debate democrático, como se a única posição possível para a direita fosse a extremização. Não é uma polarização simétrica, portanto, como muitos pensam, de "direita" x "esquerda".
Uma coisa q acho bem importante salientar nessa conversa de polarização é o seguinte: Todos os nossos estudos, desde 2018, identificaram o q alguns autores chama de "polarização assimétrica". Isso significa q há uma polarização acentuada de um lado e não necessariamente do outro
Também no Brasil não conseguimos, em quase nenhum dos nossos estudos, identificar uma "esquerda" e "direita" nessa polarização. Ao contrário, chamamos sempre de pró e anti, pois é ESTA a polarização que vemos construída.
Isso significa que há um grupo pró-governo que estrutura uma falsa simetria entre nós x eles como nós (direita) x eles (esquerda). Não é o que vemos. Nos cenários de polarização, é um grupo pró-governo x todo o resto.
E todos que não concordam são colocados no mesmo saco "esquerda-comunista-PT-etc.". Incluindo Doria, Mandetta, Mourão (sim, ele tb) e etc. e muitos outros atores que não se identificam com a esquerda necessariamente.
Essa estratégia discursiva é importantíssima, porque não dá às pessoas que não se identificam com o governo e nem com a esquerda, outra possibilidade. É assim que o atual presidente se construiu como única opção possível em 2018. E é a mesma estratégia de 2021 para 2022.
Essa polarização, portanto, é assimétrica, baseada em retóricas radicalizadas, construindo discursos morais e pseudo-racionais que buscam esvaziar o debate democrático para 2022.
A
@deysicioccari
provavelmente pode falar melhor que eu, mas é importante salientar esse ponto. Não há polarização simétrica entre duas posições diferentes.