Em breve sai um paper do
@labmidiars
falando de como o jornalismo tem sido usado para legitimar desinformação sobre a pandemia de covid-19 e contribui para o espalhamento de conteúdo de baixa qualidade. [1]
Basicamente: (1) manchetes de baixa qualidade informativa (ex.: reproduzem opiniões como se fossem fatos) cuja circulação é potencializada pq várias plataformas de midia social só reproduzirem título e linha de apoio. [2]
Some-se a isso a presença de ativistas da desinformação, que utilizam esse tipo de conteúdo para legitimar outros discursos que circulam nos clusters de páginas/grupos/conversas.
(2) a reprodução de falsas dicotomias, como a oposição de ciência e opinião em artigos do tipo "divergência s/ o assunto X". Uma coisa é fato comprovado por método científico e outra é achismo. Contrapor um ao outro não é dar espaço ao contraditório.
(3) A alçada a alcunha de "especialista" a fontes que não são, efetivamente, especialistas. Por exemplo: "secretario de nao sei o que" é um cargo político, não necessariamente preenchido por um especialista na área.
Ainda há outras escorregadas que terminam por contribuir fortemente para a legitimação desses discursos e minar a credibilidade do próprio jornalismo. [4]
Vimos ontem, outro exemplo, a publicação de um conteúdo pago de uma associação defendendo o uso do "tratamento precoce para covid" (que já é consenso na ciência que não tem eficácia e ainda pode ser prejudicial à saúde) em vários jornais brasileiros. [5]
Invariavelmente, a credibilidade do jornal escorrega. Afinal, ninguém viu? O jornal legitima esse conteúdo? Defendo que a gente não use o termo "fake news", pois é construído para desacreditar o jornalismo. Mas tem casos em que realmente ele se aplica. [6]
Enfim, acho super importante a gente avaliar com cuidado as práticas jornalísticas e, principalmente aquelas que, em um momento como esse, trazem dano direto à esfera pública. Taí, inclusive, ideia de pesquisa para quem se interessar. [7]
@raquelrecuero
@labmidiars
Olha que interessante,
@trasel
. Dialoga com a nossa proposta de artigo e o jornalismo declaratório que encontramos nos títulos das notícias.