Dois eventos foram cruciais para que o tom da comoção negativa subisse para assim motivar as pessoas a compartilhar as convocações e a sair de casa para a Paulista- isso tudo sustentado pelo único pilar (e força) intacto do Bolsonarismo: As Igrejas Evangélicas. +
Eu venho acompanhando o desenrolar da manifestação de hoje na Paulista, tanto nos grupos de WhatsApp e Telegram, quanto no Twitter- coloco aqui algumas conclusões:
Até semana passada, as convocações para a manifestação não estava gerando engajamento nos grupos. +
Poucas pessoas reagiam ou comentavam as mensagens sobre a manifestação. Isso porque as convocações eram feitas sem o teor emocional- principalmente por não conter a comoção negativa. Como sempre falo, conteúdos com esse tipo de teor é o que tende a gerar engajamento e viralizar.+
A própria convocação do Bolsonaro era contida- pedia para as pessoas irem à Paulista sem faixas e cartazes contra o STF. Isso reduz o tom negativo já que o STF e o Alexandre de Moraes são inimigos no Bolsonarismo. Portanto, as pessoas não se sentiam motivadas a saírem. +
Bolsonaro não podia aumentar o tom pois nessa própria semana ele foi interrogado pela PF e o próprio está sob investigação- com um sério risco de ser preso muito em breve. Seus aliados políticos, como seus filhos e Nikolas Ferreira, fizeram convocações, mas também contidas +
já que suspeitam que a PF também está investigando suas participações nos atos golpistas. Portanto, até semana passada, dava para se concluir que a manifestação estaria completamente flopada.
Hoje as imagens mostram que a manifestação não flopou- então o que aconteceu? +
O primeiro evento foi a fala do presidente Lula denunciando o genocídio em Gaza. As Igrejas Evangélicas, se sentido endossadas pelas análises e matérias na mídia brasileira e influencers bolsonaristas, armamentaram (weaponized) o discurso de Lula e trouxeram para o seus cultos +
Como o presidente Lula era uma ameaça "aos irmão de Israel"- para entender melhor essa relação entre as igrejas evangélicas, Israel, e sionismo cristão, eu escrevi essa coluna na Virgula: +
O segundo evento foi sobre a mobilização da extrema direita nas redes sociais e na mídia tradicional nesta semana para o programa "Abrace o Marajó", lançado pela então ministra dos Direitos Humanos do governo de Jair Bolsonaro, o que levou a +
divulgação e compartilhamento de fake news sobre cancelamento de ações e projetos do governo federal na Ilha do Marajó, no Pará. Igrejas Evangélicas tem muito interesse em capitalizar sobre a situação de Marajó. Com isso tudo, o que se pode concluir? +
Durante o governo Bolsonaro, o bolsonarismo era sustentado por diversos pilares: Militares, mercado financeiro, o próprio Jair Bolsonaro, igrejas evangélicas e católica, entre outros- com o desenrolar dos acontecimentos: a vitória do Lula, ataques terroristas de 08/01, +
investigação da PF, inquérito do STF, inelegibilidade do Jair Bolsonaro, militares sendo depondo e sendo investigados, entre outros.. o único pilar que se mantém em pé e mais sólido do que nunca é a Igreja Evangélica. Hoje pode-se concluir que o Bolsonarismo como movemento +
político não tem força- o que não é de se surpreender já que movimentos da extrema direita no Brasil vão e vem mas que se sustentam em fatores semelhantes. O que pode-se afirmar é que hoje a força conservadora e extremista na política se encontra principalmente nessas Igrejas.
++ vou complementar esse fio aqui e sugerir essa ótima análise do Orlando
@AnarcoFino
- acredito que seja complementar. Dos 73 grupos que eu monitoro, 7 são evangélicos- e a minha análise é baseada nos dados gerados neles, e falo da igreja evangélica +
Já disse, insisto e repito, o ato de hoje na Paulista não é "demonstração de força", mas de "desespero". Só os preparativos do ato já foram responsáveis por reorganizar a direita ao redor de Bolsonaro, cobrar dívidas antigas.
de uma forma mais geral/genérica pois não consegui identificar uma linha ou denominação. O que o Orlando traz para a discussão é que há um núcleo duro específico que vem liderando esse movimento.
@DavidNemer
Você tem que entender, que a maioria dos apoiadores estavam com medo de ir, então não ficaram fomentando que outras pessoas fossem tbm.
Tenho amigos que não queriam falar no WhatsApp que iriam, por puro medo de perseguições.
@DavidNemer
Levantamentos mostram que a maioria do público presente se declara católico. Políticos do PL mobilizaram recursos e mandatos para levar pessoas. Evangélicos são base importante do bolsonarismo? Sem dúvida. Única que sustenta e justifica gde presença no domingo? Impossível afirmar